Avanca vestiu-se por três dia de Capital das Artes de Circo

Avanca vestiu-se por três dia de Capital das Artes de Circo

Mais de uma centena de amantes das artes do circo rumaram até Estarreja para participar no 1º Encontro de Artes do Circo de Avanca, que se prolongou ao longo de todo o fim-de-semana. Mais do que uma festa de artistas e participantes, o evento pretende levar esta forma de expressão artística até ao público em geral. Por Maria José Santana (texto) e Paulo Pimenta (foto)

Quem olha para a forma como Bernardo consegue fazer mover cinco bolas, em simultâneo, nas duas mãos, é levado a acreditar que a arte do malabarismo é inata, uma espécie de dom que não requer qualquer tipo de treinos ou preparação especial. Mas as aparências iludem, e aquilo que Bernardo transmite de uma forma natural resulta de anos a fio de dedicação e prática intensa. Como assume o próprio artista, que foi um dos formadores convidados a participar, este fim-de-semana, no 1º Encontro de Artes de Circo de Avanca – Tudo P”lo Ar. O evento, promovido pelo grupo de artes circenses Kopinxas, decorreu de sexta a domingo e juntou cerca de 130 participantes, oriundos de praticamente todos os pontos de país e de Espanha, e pretendeu assumir-se como um ponto de encontro e de aprendizagem entre os amantes e praticantes das artes de circo. 

A iniciativa assentou arraiais no Pavilhão de Adelino Dias Costa, em Avanca, mas, por vários momentos, não deixou de atravessar as fronteiras do edifício desportivo para viajar até junto do público. A aposta passou, assim, por completar as várias sessões de workhops (em malabarismo, trapézio, andas, entre outros), com um espectáculo nocturno aberto a todos, e a realização de um desfile nas ruas de Avanca. “Assim, conseguimos levar a arte até às pessoas, sensibilizando-as para esta forma de expressão artística”, sublinha Nuno Tavares, um dos elementos do grupo de teatro e animação de rua Kopinxas, a quem coube a organização deste encontro. 

A ideia de juntar amantes da arte e formadores “num ambiente de partilha e convívio” ainda é “pouco comum em Portugal”, sublinha Eduardo Dias, da organização, mas, a avaliar pela adesão a esta primeira edição do encontro de Avanca, “é uma aposta para continuar”. O motivo? O elevado número de participantes que o evento conseguiu atrair. “Mais de 130 participantes para um primeiro encontro superou as nossas expectativas”, argumenta Ângelo Castanheira, o outro dinamizador dos Kopinxas. “Os participantes vieram desde Tavira a Bragança e de vários pontos de Espanha”, acrescenta, em relação à capacidade de mobilização que se gerou em torno do evento. 

Céu Baptista não teve de viajar muito para acorrer ao 1º Encontro de Artes de Circo de Avanca, uma vez que reside no município de Santa Maria da Feira, mas chegou ao concelho de Estarreja com as mesmas expectativas dos restantes amantes das artes de circo. “Comecei com bolas, agora já estou a trabalhar com os arcos e gostava de sair daqui a saber já fazer malabarismo com as massas”, relata a jovem de 20 anos, a propósito das suas expectativas em relação ao encontro no qual participaram, além de Bernardo, outros cinco formadores. O que atrai Céu Baptista para a arte de malabarismo? “É desafiante. Depois de aprendermos, ficamos com o bichinho e queremos aprender cada vez mais”, confessa a jovem que pretende vir a ser professora de educação física. “O malabarismo é um hobby”, acrescenta. 

Já Bernardo faz da arte o seu modo de vida. Actualmente, apenas como artista e orientador de alguns workshops, mas durante seis anos deu aulas no Chapitô. “As aulas não me deixavam tempo para melhorar a minha vertente de artista”, explica o malabarista que se iniciou na arte aos 27 anos, por obra do acaso. “Tinha um amigo que já fazia malabarismo e, num dia de férias em que chovia muito, ele ensinou-me a fazer”, lembra Bernardo, em relação à sua iniciação na arte que diz ser a sua forma de se expressar. “Podia ter sido pintor, bailarino, mas esta é a minha arte”, sublinha. Sobre este 1º Encontro de Artes de Circo de Avanca, o artista não tem dúvidas: “É só olhar à volta e ver a quantidade de pessoas que aqui estão, ainda por cima num fim-de-semana de Janeiro, com tanto frio”.