Personalidades

Egas Moniz

Prof. Dr. Egas Moniz (António de Abreu Freire) nasceu em Avanca em 29 de Novembro de 1874 e faleceu em Lisboa a 13 de Dezembro de 1955.

Frequentou a instrução Primária em Pardilhó, cursou os estudos liceais no Colégio de S. Fiel dos Jesuítas e os últimos anos no liceu de Viseu.

Após os preparatórios de Medicina em Coimbra desde 1891, matriculou-se em 1894 na respectiva Faculdade. Terminado o curso em 1899, doutorou-se em Medicina em 14 de Julho de 1902 e a partir de 1903 foi Professor Catedrático na mesma faculdade (Anatomia, Fisiologia e mais tarde Patologia Geral).

Em 27 de Outubro de 1949 recebeu o único prémio Nobel atribuído a Portugal, pela descoberta do valor terapêutico da angiografia. A aplicação, hoje universal, da angiografia cerebral e a evolução da cirurgia dita estereotáxica, desenvolvimento directo e da angiografia cerebral, permitiram salvar milhares de vidas.

Avanca, mostrando não esquecer os seus filhos e grata a um Homem, que em várias vertentes, tanto fez pela sua terra, mandou erigir um monumento perpetuando a sua imagem e a sua memória.

A “ Casa do Marinheiro” agora transformada em “Casa Museu Egas Moniz ”, que nos permite vislumbrar um pouco da sua vida pessoal, como que reencontrando-nos espiritualmente como o iminente cientista, analisando-o, numa perspectiva um pouco diferente – na sua intimidade.

Saber mais em: http://casamuseuegasmoniz.com/

Júlio Neves

Júlio Neves nasceu em Avanca em 24 de Fevereiro de 1881, sendo o primeiro filho dos oito filhos de António Maria Neves e Joana Maria Valente.

Em 1917 contraiu casamento com D. Eugénia Amália Fonseca de Araújo (senhora do Porto e de avultada fortuna). Pesarosos pela falta de filhos, dedicaram todo o seu carinho aos pobres, especialmente às crianças. O nome deste ilustre homem de Avanca está profundamente ligado às obras caritativas e às intenções de cariz social. Deste modo, entre outros méritos, Júlio Neves ajudou as crianças mais pobres de Avanca nas suas primeiras comunhões, ofereceu livros escolares, doou dinheiro e haveres para o Hospital Visconde de Salreu, ajudou a criar a cantina escolar de Avanca, estando sempre ao serviço dos mais necessitados.

Foi igualmente um mecenas, prestando ajuda a vários artistas plásticos, escultores e pintores. A música era também uma paixão, pois ele próprio foi um homem de cultura que ganhou tempo desenvolvendo as suas capacidades musicais.

D. Eugénia faleceu em 1939, tendo hoje em Avanca um bairro com o seu nome.
Falecido em 1958, depois de ter casado em segundas núpcias com D. Maria Angélica Magalhães, Júlio Neves deixou obras e um vasto património em favor dos mais desprotegidos, tendo mesmo deixado em testamento bens em favor da sua terra, casas e fontes de rendimento para os mais pobres e as intituições de solidariedade.
Há quem o recorde como um amigo dos pobres e das crianças e como um homem da cultura e do bem.

Fontes: CARDOSO, Carlos Alfredo Resende dos Santos – Subsídios para uma monografia Histórica e Descritiva da Freguesia de Avanca. Estarreja: Câmara Municipal de Estarreja, 2000.

Marques Sardinha

Nasceu no lugar de Sardinha, Freguesia de Avanca, a 2 de Abril de 1859. Recebeu o nome de José Maria, filho legítimo de Domingos Marques e Maria Valente da Fonseca, no entanto tornou-se conhecido por Marques Sardinha.

Poeta do desafio e cantor popular de grande renome por todo o distrito, a sua fama fez com que estivesse presente em todas as festas e romarias da região. Fica para a história os seus descantes com Maria Barbuda, outra figura popular do Concelho.

Cantador do povo, Marques Sardinha também encantou vultos da realeza, da igreja e da arte.

Atualmente encontra-se na estação da CP de Avanca, um painel de azulejo, de autoria dos artistas aveirenses Francisco Pereira e Licínio Pinto, datado de 1929 que Avanca se orgulha de mostrar.

Faleceu com 81 anos a 1 de Abril de 1941,no lugar da Bandeira, onde hoje o seu nome é perpetuado com o topónimo de rua Marques Sardinha.

Para explicar o modo de vida de Marques Sardinha, nada melhor do que uma quadra que o próprio cantava:

“Se um dia for’s a Avanca
e prèguntar’s pelo Marques,
qualquer pessoa te diz
que é home de quatro artes.

Primeira: sou lavrador;
segunda: sou musiqueiro;
a terceira, cantador;
e a quarta, sou … putanheiro!”

Padre António Maria de Pinho

Padre António Maria de Pinho nasceu em Avanca, no lugar do Seixo a 9 de Maio de 1864.
Após os estudos Primários, frequentou o Seminário do Porto, tendo rezado a sua Missa Nova em 1 de Janeirode 1888.

Paralelamente à sua actividade sacerdotal, o Padre António Maria de Pinho era dotado de uma energia e tenacidade invulgares, sendo por isso respeitado e reconhecido por toda a população.

Entre outros feitos, foi presidente da Junta de Freguesia local, vereador e presidente da Câmara Municipal de Estarreja e orientou as obras da Casa do Marinheiro (actual Casa – Museu Egas Moniz).

A Freguesia de Avanca ficou-lhe a dever importantes melhoramentos públicos, sobretudo a construção da estrada Igreja a Água-Levada e a fundação da “Cooperativa de Avanca”. Faleceu em 15 de Janeiro de 1943.

Fonte: CARDOSO, Carlos Alfredo Resende dos Santos – Subsídios para uma monografia Histórica e Descritiva da Freguesia de Avanca. Estarreja:Câmara Municipal de Estarreja, 2000.

António Joaquim Ferreira (Catitinha)

António Joaquim Ferreira “Catitinha”, filho de Joaquim Ferreira e de Maria da Conceição Galvão, nasceu na Freguesia de S.Tiago do concelho de Torres Novas, no dia 23 de Outubro de 1880.

Homem humilde e extraordinariamente bom foi durante muitos anos uma figura típica de Avanca. Com os seus cabelos e barbas brancos de neve, surgia sempre onde estivessem crianças, principalmente no Verão, nas praias, vigilante e solícito. Era como um anjo da guarda entre os pequeninos.

Amigo do Professor Doutor Egas Moniz, conhecido e respeitado, o “Catitinha” era adorado por todos, sempre defendendo e protegendo as crianças.

Um drama na sua vida – uma filha morta em tenra idade, fez com que ele transferisse para todas as crianças o carinho e amor que dedicava à sua filha.

Já algo debilitado, acolheu-se então à protecção de uma família de Avanca, a família de António Moutinho. Tratado com todo o carinho, viveu mais um ano, desfiando as contas das suas infindáveis recordações que o prendiam a uma época de outrora.

Culto e inteligente, a sua memória era prodigiosa, falava do seu tempo de juventude como se as lonjuras da felicidade estivessem ainda ao alcance de um renovo.
Faleceu em Avanca, onde está sepultado, a 9 de Abril de 1969 e com ele desapareceu para sempre a sua ternura e a bondade.

Fonte: Jornal de Avanca – Novembro 2004.

Adelino Dias Costa

Adelino Dias Costa nasceu em Avanca, em 2 de Dezembro de 1892, filho de António Augusto Dias Costa e Joaquina Gomes.

Possuindo unicamente a instrução primária, oriundo duma família de humildes lavradores, mas dotado dum grande génio incentivo e atento às lições da vida, Adelino Dias Costa conseguiu realizar, com os seus parcos recursos, um empreendimento industrial de saliente relevo na economia do distrito.

Em 1914 (Grande Guerra), Adelino Dias Costa é chamado às fileiras, faz curso de sargentos milicianos, em artilharia n.o 1, e após algumas alterações segue para o Norte de Moçambique, assentando arraiais na zona de Niassa.
Em 1920 consagrou-se o fundador da indústria de móveis de ferro Avancanense A.D.I.C.O. e, simultaneamente, o impulsionador da industrialização local.

Adelino Dias Costa foi agraciado com a Comenda da Ordem de Benemerência e homenageado publicamente pelo Concelho a 29 de Dezembro de 1946. Casado com D. Maria da Assunção Leite, faleceu, já viúvo em Outubro de 1976.

Fontes: CARDOSO, Carlos Alfredo Resende dos Santos – Subsídios para uma monografia Histórica e Descritiva da Freguesia de Avanca. Estarreja: Câmara Municipal de Estarreja, 2000.